terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML), em comemoração e homenagem ao Levante Comunista de 1935, lançou os Comitês de Luta pelo Socialismo no dia 29 de novembro, no histórico Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO-RJ).

O Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML), em comemoração e homenagem ao Levante Comunista de 1935, lançou os Comitês de Luta pelo Socialismo no dia 29 de novembro, no histórico Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO-RJ).

O Levante  de 1935 é um dos capítulos heróicos da história de nosso povo, muitas vezes não contada e que tentam deturpar, mas o povo não esquece e se nutre dela para seguir o combate da classe trabalhadora nos dias atuais.

O Levante de 1935, levado a cabo pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), que tinha como líder o lendário Cavaleiro da Esperança Luiz Carlos Prestes foi um capítulo de heroísmo e resistência de nosso povo, somando-se aos capítulos mais importantes do movimento comunista internacional na luta contra a grande ameaça à humanidade de então, o fascismo (expressão extrema do capitalismo).

Numa luta sem par, a ANL, que contava também com a participação de uma das grandes heroínas da luta internacional, Olga Benario Prestes, militante alemã e judia, integrante do Exército Vermelho que acompanhou Prestes em seu regresso ao Brasil para a organização do levante.

O movimento que sofreu bárbara repressão teve inúmeras baixas, levando a vida de inúmeros lutadores por um país melhor, vencido no campo de batalha, Prestes e Olga terminam presos.

Olga é enviada grávida aos campos de concentração nazista onde é torturada e submetida a trabalhos forçados, separada da filha (Anita Prestes) e enviada a uma câmara de gás para a morte, porém, sem nunca desistir, “lutei pelo bem, pelo melhor do mundo” como dizia.

Prestes passaria os próximos 10 anos na prisão sem ter notícias da esposa nem da filha. Estes capítulos de bravura que tão bem mostram o espírito do povo pobre e batalhador brasileiro foi o motivo de inspiração dos revolucionários reunidos ali naquele dia para o lançamento dos Comitês de Luta pelo Socialismo, um novo capítulo na história dessa luta que continua.

No histórico lançamento dos Comitês, além de convidados como o professor Vasconcelos, do Modecon, José Barroso, do Instituto Karl Max, que em suas falas parabenizaram e ressaltaram a importância do evento na atual conjuntura de crise do capital, compareceram também representantes de comitês espalhados pelo estado, que organizam a classe trabalhadora em sua luta.

Foi emocionante a intervenção de Janete Souza, do Comitê de Itaboraí, que lendo o manifesto da ANL de 1935 destacou suas palavras finais: “Brasileiros! Todos vós que estais unidos pela ideia, pelo sofrimento e pela humilhação de todo Brasil! Organizai o vosso ódio contra os dominadores transformando-o na força irresistível e invencível da Revolução brasileira! Vós que nada tendes a perder, e a riqueza imensa de todo Brasil a GANHAR! Arrancai o Brasil da guerra do imperialismo e dos seus lacaios! Todos à luta para a libertação nacional do Brasil! Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular nacional revolucionário. Todo o poder à Aliança Nacional Libertadora!”

O professor Antônio Cícero, do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais - CEPPES, falou sobre a importância dessa data, de como aquele movimento representava uma unidade da esquerda brasileira na luta contra o fascismo, enquanto expressão do capitalismo, relembrou a importância da direção de Luiz Carlos Prestes e de Olga Benário, do enorme sacrifício feito pelos lutadores naquela luta, e da importância daquele movimento na vitória contra o fascismo em âmbito nacional e internacionalmente.

Pelo comitê da Pavuna e Costa Barros, bairros da zona norte do Rio de Janeiro e dos mais marginalizados, falou a professora Monique Mendes, que lembrou como é importante ter esperança em um futuro melhor para nosso país.

A professora lembrou como a educação hoje está arrasada graças às políticas capitalistas de alienação e associou o fato com a violência vivida hoje em dia na sociedade.

Citou o exemplo de um vizinho que se viu obrigado a mudar da comunidade em que vivia porque a polícia começou a empilhar corpos em seu quintal, e concluiu dizendo que nem mesmo isso pode nos fazer perder a esperança em um mundo melhor porque só lutando é que seremos as pontes para este novo mundo.

Gustavo Santos, do Comitê da Universidade Federal Fluminense, falou sobre a importância de um movimento de luta popular dentro das universidades, e que busque a organização do povo para a solução não apenas de problemas imediatos mas também para a construção do poder do proletariado que trará uma nova sociedade.

Em seguida, falou pela Juventude 5 de Julho o Dr. Michel Mendes Damasceno, médico formado em Cuba, pela Escola Latino-Americana de Medicina. Michel ressaltou a importância da construção desse movimento que precisa trabalhar com a parcela mais jovem da sociedade de uma maneira inovadora.

Argumentou dizendo que apesar dos recentes avanços, a maior parte da juventude brasileira ainda não se encontra nas universidades, foco historicamente da atuação dos movimentos revolucionárias com relação à juventude.

Segundo ele, a juventude proletária está concentrada principalmente nas favelas, nos centros de trabalho, nas torcidas de futebol, nas igrejas, nos presídios, nos campos de lavoura, e que é preciso criar estratégias para se chegar e trabalhar com essa parcela da juventude proletária.

Terminou lembrando que Cuba dá um grande exemplo ao mundo de como o socialismo pode não só resolver problemas imediatos como a fome, o desemprego, a violência e a falta de saúde, como também ajudar a humanidade a conseguir dar novos passos em seu desenvolvimento e cita a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) como exemplo disso, que com apenas 15 anos de criada já formou mais de 20 mil médicos para mais de 100 países, sem cobrar nada e que estes profissionais conhecidos como exército de jalecos brancos já realizaram mais de 1 bilhão de consultas no mundo, segundo dados da ONU-OMS, o que poderia representar quase um sétimo da humanidade, mostrando a grande contribuição do socialismo no desenvolvimento humano. O médico classificou a escola como a maior demonstração de amor que um país poderia dar à humanidade.

A camarada Georgina Queiroz, do Partido Comunista Marxista-Leninista, também prestigiou o evento e emocionada disse estar muito feliz com esse novo passo na luta pelo socialismo, que os comitês precisam ser não apenas fortalecidos como multiplicados.

Osmarina Portal, coordenadora do Movimento Nacional de Luta pelo Socialismo, em sua intervenção falou que o atual movimento  provém dos Comitês de Luta Contra o Neoliberalismo, dando agora um novo passo, radicalizando a bandeira para lutas pelo socialismo; recordou que o movimento se encontra em vários estados da federação.

Osmarina apontou que muitas vezes o inimigo de classe quer nos fazer acreditar que a classe proletária não é capaz de fazer as transformações, mas a realidade prova o contrário, existe em nossa história inúmeras demonstrações disso, muitos homens e mulheres como Luiz Carlos Prestes, Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Gregório Bezerra, Olga Benário, Maria Bonita, todos brasileiros humildes e que se tornaram heróis da luta de nosso povo pela libertação final.

Ela também destacou a importância dos comitês como embriões de luta por uma nova sociedade que criarão as lideranças surgidas do seio do povo para fazer a revolução, como também cumprirá o papel de gerir a nova sociedade comunista, exercendo assim uma verdadeira democracia, onde quem planeja, organiza, produz e distribui seja o próprio povo, através de seus órgãos de poder.

O evento contou também com a intervenção alegre e criadora, característica da classe trabalhadora, das companhias de arte: Emparte e Cia de Arte INVERTA, a primeira apresentou a emocionante peça teatral “Dignidade”, que retrata a vida cotidiana da nação, a segunda “Operário em Construção”, que retratou a realidade do trabalho alienado dentro do capitalismo.

Na atividade cultural, o Roda de amigos  com Gonzalo Sandamaringa, Ananias e Milena Pastorelli, estudante francesa de intercâmbio no Brasil, também realizaram uma brilhante atuação na tarde histórica.

O evento contou também com a participação de esportistas, a apresentação de Karatê do estilo Jitsu-Do, com o mestre Stallone, integrante do comitê de Costa Barros, que levou uma demostração de Katas e de defesa pessoal com crianças que participam de um projeto na comunidade da Lagartixa, que ajuda mais de 70 crianças em uma das mais pobres e violentas favelas da cidade, onde essas crianças tem aulas duas vezes na semana em uma iniciativa voluntária por parte do mestre que nada cobra pelo trabalho, além de tirar estas crianças da rua durante quase 4 horas nestes dias. Neste trabalho são ensinados valores como disciplina, respeito, trabalho coletivo e  responsabilidade.

Além do Karatê, muitos deles participam também do projeto da Juventude 5 de Julho chamado de Pioneiros, onde se reúnem e participam de várias atividades recreativas e culturais.

Haroldo de Moura, do PCML, encerrando as falas politicas, destacou: a atual crise do capital é uma crise estrutural e não apenas financeira como pregam os economistas capitalistas e a grande imprensa, e ressaltou a importância da criação dos comitês em um momento onde o capitalismo mundial vai dando mostras de sua ruína, para poder organizar a classe trabalhadora e dar passos adiante na construção da nova sociedade, onde o homem já não será explorador do homem.

Ao final foi lida a declaração do lançamento onde se denuncia a situação da classe trabalhadora e chama a organizar-se dentro dos comitês para a luta definitiva.

O documento analisa os motivos da atual crise capitalista e conclui: “este problema não é de governos, mas sim do sistema, para mudar tudo isso precisamos mudar o sistema capitalista, precisamos substituir um sistema que prega que a felicidade está na fama, dinheiro e poder, que nos transforma apenas em consumidores, em nada mais que números e não em seres humanos.

Substituir este sistema por um onde a sociedade seja comandada por todos, onde nosso direito à democracia não se resuma no voto, mas na participação das decisões da sociedade e do país, nosso povo não se engana com seu modelo de felicidade porque é generoso, inteligente e lutador, precisamos construir uma nova sociedade, precisamos construir o Socialismo!”

As frases finais recordam o herói do povo brasileiro Carlos Marighella, onde afirma que é preciso não ter medo, mostra nossa disposição em seguir nessa luta e convoca os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, pai de família e mãe de família, você que acorda todo dia e sai de cara limpa a enfrentar esse país, sem a certeza se vai voltar pra casa no fim do dia, você que é quem constrói essa nação, com suas mãos, com seu suor, com sua vida e mesmo assim fica apenas com as migalhas que os ricos e poderosos deixam cair da mesa do banquete.

Convoca você a tomar partido, porque o medo é o inimigo que levamos dentro de nós e é ele que nos impede de ver a decadência em que já vivemos, é ele que nos permite pensar que nada temos a ver com a situação do país, mesmo estando a mercê das vontades dos patrões, saindo de casa sem certeza se voltaremos vivos. É preciso não ter medo é preciso ter a coragem de dizer.

E a famosa frase de Marx, onde afirma que nada temos a perder a não ser nossas correntes, temos um mundo a GANHAR. Temos um mundo a ganhar sem racismo, homofobia, machismo ou qualquer opressão de gênero, sem xenofobia, sem preconceito social, sem crianças nas ruas, sem mendigos ou usuários de crack abandonados nas calçadas, sem mortes por falta de atenção médica, sem desemprego e exploração, sem analfabetos, sem chacinas de pobres.

Um mundo com as mesmas oportunidades para todos, um mundo sem abismos de diferenças sociais, sem concentração de riqueza pra uns e distribuição de misérias para milhões.

É esse mundo que temos a ganhar, o Movimento Nacional  pelo Socialismo chama a todos a que se organizem, construam seus comitês na cultura, no esporte, nas escolas e universidades, nas favelas, comunidades, vilas e sertões, onde quer que estejam. Porque se o presente é de luta o futuro nos pertence!

Viva os Comitês de Luta pelo Socialismo!
É preciso não ter medo! É preciso ter a coragem de dizer!
Ousar lutar, ousar vencer!
Todos os dias haverão de ser nossos!
Pátria, socialismo ou morte!
VENCEREMOS! 

Michel Damasceno 
e Osmarina Portal
Essa matéria foi publicada na Edição 476 do Jornal Inverta, em 12/02/2015

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